A dermatite atópica é uma doença inflamatória crônica e recorrente da pele, que se caracteriza por lesões de pele vermelhas, pele seca e coceira. Ocorre com maior frequência em indivíduos que têm histórico pessoal ou na família de doenças alérgicas, entre elas asma, rinite alérgica e alergia alimentar.
A dermatite atópica é uma doença da pele comum na população brasileira. Até 25% das crianças podem apresentar episódios da doença e até 7% dos adultos podem ser acometidos. Trata-se de uma doença crônica, hereditária e não contagiosa, que em decorrência das lesões na pele e coceiras, pode afetar a autoestima do paciente e sua interação social.
Além da herança genética, fatores ambientais e emocionais atuam como agravantes da doença. Atualmente, sabe-se que a dermatite atópica ocorre por alteração da pele, disfunção do sistema imunológico, ou seja, alteração das células de defesa do corpo, além de alteração do conjunto de bactérias que habitam normalmente a pele. Na dermatite atópica a pele está com sua função prejudicada, seja no controle da perda de água através da pele, seja na proteção contra os antígenos do meio externo.
Existe uma grande variação de manifestações clínicas, gravidade das lesões e evolução entre os pacientes. Normalmente, a dermatite atópica se inicia por volta dos três aos seis meses de idade e tende a melhorar após a puberdade. Contudo, indivíduos adultos e até mesmo idosos podem apresentar essa doença de pele, mesmo sem ter tido histórico na infância.
As lesões da dermatite atópica podem apresentar vermelhidão, secreção, crostas, descamação e até mesmo espessamento da pele, sempre com bastante coceira. As lesões têm localizações muito características conforme a idade:
Até 2 anos
Até os dois anos de idade, aparecem lesões sobretudo em bochechas, pescoço, punhos e pés.
Entre dois e 12 anos
Entre dois e 12 anos, as lesões são mais comuns nas áreas de dobras, ou seja, na frente do cotovelo e atrás dos joelhos.
Adultos
Nos adultos, além das dobras, as axilas, o pescoço e a nuca também são áreas comumente afetadas.
A coceira está sempre presente na dermatite atópica e se caracteriza por ser de forte intensidade e ficar ainda mais incômoda no período da noite. É comum que pacientes com dermatite atópica tenham uma má qualidade de sono, também devido à coceira, o que afeta negativamente a qualidade de vida.
Outros fatores que agravam a coceira são suor, lã, calor, banhos muito quentes, certos alimentos e substâncias irritantes como perfumes, produtos de limpeza e cosméticos.
Existe associação da dermatite atópica com outras doenças, entre elas asma, rinite alérgica, conjuntivite, alergia alimentar, urticária e até mesmo transtornos mentais, tais como ansiedade e depressão.
O diagnóstico da dermatite atópica é clínico, ou seja, para se determinar se alguém tem dermatite atópica o médico precisa conversar com o paciente e/ou cuidador/responsável para saber como a doença se manifesta, qual tem sido sua evolução, quais são os fatores de piora e melhora, e examinar toda sua pele. A doença pode alterar alguns marcadores sanguineos, porém, um exame laboratorial sem alterações não descarta o diagnóstico de dermatite atópica.
Com o diagnóstico feito, o médico deverá esclarecer o diagnóstico, orientar sobre fatores agravantes, possíveis evoluções da doença e sugerir o melhor tratamento, conforme a idade do paciente e a gravidade da doença, e alinhar expectativas futuras.
Como se trata de uma doença em que o exame físico é fundamental para o diagnóstico correto e o tratamento mais adequado, somente o profissional da saúde (dermatologista ou alergologista) está habilitado para isso. Agende uma consulta com um médico especialista em caso de suspeita.
Referências
https://www.sbd-sp.org.br/geral/sociedade-brasileira-de-dermatologia-lanca-campanha-com-orientacoes-sobre-a-dermatite-atopica/ - Acessado em 24/04/2023
Aoki V, Lorenzini D, Orfali RL, et al. Consensus on the therapeutic management of atopic dermatitis - Brazilian Society of Dermatology. An Bras Dermatol. 2019 Apr;94(2 Suppl 1):67-75.
Langan SM, Irvine AD, Weidinger S. Atopic dermatitis. Lancet. 2020 Aug 1;396(10247):345-360. Erratum in: Lancet. 2020 Sep 12;396(10253):758.
Ständer S. Atopic Dermatitis. N Engl J Med. 2021 Mar 25;384(12):1136-1143.
Weidinger S, Beck LA, Bieber T, Kabashima K, Irvine AD. Atopic dermatitis. Nat Rev Dis Primers. 2018 Jun 21;4(1):1.
Murota H, Katayama I. Exacerbating factors of itch in atopic dermatitis. Allergol Int. 2017 Jan;66(1):8-13.
Borok J, Matiz C, Goldenberg A, Jacob SE. Contact Dermatitis in Atopic Dermatitis Children-Past, Present, and Future. Clin Rev Allergy Immunol. 2019 Feb;56(1):86-98.
Takaoka R, Aoki V. Education of Patients with Atopic Dermatitis and Their Caregivers. Pediatr Allergy Immunol Pulmonol. 2016 Dec;29(4):160-163.
Material para todos os públicos. Dezembro/2022. PP-CIB-BRA-0008