A polineuropatia amiloidótica familiar (PAF ou ATTR-PN) é um tipo de amiloidose hereditária, ou seja, com chances de ser transmitida de geração para geração. Ela é causada pela mutação de uma proteína chamada transtirretina (TTR), produzida principalmente pelo fígado. A mutação dessa proteína faz com que depósitos de fibras insolúveis (fibras amiloides) se acumulem em várias partes do corpo, principalmente nos nervos e terminações nervosas que controlam as atividades de órgãos vitais, causando mau funcionamento deles.1
A polineuropatia amiloidótica familiar é uma doença rara, com cerca de 10 mil portadores em todo o mundo. Por ser hereditária, a PAF tem incidência maior em alguns países onde a doença foi se propagando entre as famílias. São eles: Portugal, Brasil, Japão e Suécia.2
Foi justamente o contexto familiar da PAF que contribuiu para o seu descobrimento e primeiros estudos. Na década de 1940, o Dr. Mário Corino da Costa Andrade, um médico português, se deparou com uma paciente que se queixava de adormecimento, formigamento e falta de sensibilidade nos membros inferiores, além de dificuldade de andar, diarreias e perturbações nos membros superiores. Ela dizia que os sintomas eram parecidos com os de outros familiares e alguns vizinhos do vilarejo onde morava.2
A partir de então, o médico descartou o diagnóstico de outras possíveis doenças e iniciou uma análise de todos os casos semelhantes, chegando à conclusão de que se tratava de uma doença ainda não classificada. O Dr. Corino publicou o primeiro artigo com as suas observações, que serviria de base para diversos estudos posteriores sobre PAF e outros tipos de amiloidose.2
Existem mais de 150 tipos de mutações que podem dar origem à PAF e elas influenciam na forma que a doença se manifesta.3 Na maioria dos casos, os sinais e sintomas da polineuropatia amiloidótica familiar começam a se desenvolver entre os 25 e 35 anos, mas também podem se desencadear a partir dos 50 anos. A PAF pode afetar diversas partes do corpo, tais como:4
Nervos sensoriais e motores – em um primeiro momento, a doença atinge os nervos dos membros inferiores e depois progride para os membros superiores.4 O paciente pode apresentar os seguintes sinais e sintomas:
Dores incapacitantes;
Sensação de choque ou picada;
Queimação;
Formigamento;
Perda de sensibilidade – primeiro à temperatura e depois à dor;
Fraqueza;
Atrofia muscular;
Dificuldade ou incapacidade de andar.4
Nervos autonômicos – que são os responsáveis por comandar o funcionamento dos órgãos e sistemas do corpo.4 O paciente pode apresentar os seguintes sinais e sintomas:
Incontinência urinária e/ou dificuldade de urinar;
Disfunção erétil;
Infecções urinárias recorrentes;
Queda brusca de pressão arterial;
Diarreia;
Incontinência fecal;
Vômitos;
Constipação;
Perda de peso e até desnutrição, ocasionadas pela diarreia.4
Olhos – o paciente pode apresentar os seguintes sinais e sintomas:4
Olho seco e avermelhado;
Visão prejudicada (sensação de estar vendo moscas voando e teias de aranha);
Glaucoma, que pode evoluir para cegueira.4
Coração – em alguns casos os sinais e sintomas cardíacos podem ser a manifestação inicial da PAF. O paciente pode apresentar:4
Falta de ar, inchaço nos membros inferiores e fadiga, decorrentes da insuficiência cardíaca;
Dor no peito;
Palpitações causadas pela fibrilação atrial, uma alteração do ritmo cardíaco.4
Rins – em casos raros, os sinais e sintomas renais são a manifestação inicial da PAF, mas, geralmente, aparecem só no estágio avançado da doença. O paciente pode apresentar:4
Inchaço nos pés e tornozelos;
Urina espumosa;
Insuficiência renal crônica.4
Sistema nervoso central – que é formado pelo encéfalo e medula espinhal. As manifestações nessa área só acontecem, geralmente, 15 anos após os primeiros sinais e sintomas da PAF. O paciente pode apresentar:4
Enxaqueca;
Crises epilépticas.4
A Polineuropatia Amiloidótica Familiar pode ter sinais e sintomas parecidos com os de outras doenças. Um dos desafios para alguns médicos, que podem não estar familiarizados com essa doença rara, é relacionar todos os sintomas de um paciente que parecem não ter ligação entre si. Quanto antes for diagnosticada, mais rápido o paciente e o médico poderão avaliar o risco e dar início ao melhor tratamento.
A história familiar tem um papel importante no diagnóstico. Por isso é importante compartilhá-la com o médico. Ele poderá sugerir testes adequados. Dependendo dos sinais e sintomas, o profissional pode usar diferentes testes para saber mais sobre o que está causando esses sintomas. Esses testes podem incluir:5,6
Biópsia de tecido: uma amostra de tecido, como o adiposo, por exemplo, é retirada para determinar se há depósitos amiloides que estão associados à PAF.5,6
Teste genético: esse teste identifica a mutação genética que causa a PAF e pode ajudar o profissional de saúde a confirmar o diagnóstico. O teste genético é uma maneira de procurar alterações ou mutações nos genes. O resultado positivo pode significar que o paciente tem PAF ou está sob risco de desenvolver a doença. Apesar do gene mutado poder estar presente, não necessariamente a doença irá se manifestar.5,6
Nos casos em que não há o diagnóstico, mas há a suspeita sintomas de PAF, reunir o máximo de informações que puder pode ajudar na consulta médica. Lembre-se do seguinte na hora de considerar o risco:7-11
A PAF é hereditária, preste muita atenção à história familiar. Para alguns pacientes, essa história pode ajudar na hora de fazer o diagnóstico precoce. Por isso, a importância de colaborar com o médico e discutir sempre as doenças e os sintomas que os familiares tiveram. 7-11
A doença afeta o sistema nervoso periférico e se manifesta com uma combinação de sintomas. 7-11
Por ser progressiva, o diagnóstico precoce da PAF pode fazer toda a diferença. Quanto antes ele for feito, mais rápido o paciente conseguirá obter o apoio necessário. 7-11
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Associação Brasileira de Paramiloidose. História da PAF. Disponível em: http://abpar.org.br/historia-da-paf.html - acessado em 19/05/2021
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PP-UNP-BRA-2936