Como a Doença Inflamatória Intestinal afeta a fertilidade?
Com o planejamento e acompanhamento adequados, mulheres com DII podem, sim, ter uma gestação saudável.
O desejo de ter filhos faz parte da vida de muitas pessoas. Para algumas mulheres, a presença de uma Doença Inflamatória Intestinal pode levantar dúvidas e preocupações sobre a possibilidade de ser mãe, especialmente no que se refere à sua própria fertilidade e ao bem-estar do bebê. A boa notícia é que, com planejamento e acompanhamento adequados do gastroenterologista e do obstetra, é possível, sim, ter uma gestação saudável.1,2
Antes de mais nada, é preciso estar ciente de que a DII pode trazer alguns desafios que vão exigir cuidados adicionais tanto para mulheres que querem engravidar quanto para aquelas que já estão grávidas. Por isso, ter a orientação de uma equipe multidisciplinar é essencial, assim como discutir as opções de contraceptivos durante os períodos de crise, a necessidade de suplementação antes da concepção e o uso de medicamentos durante a gestação e amamentação.1,2,3
Mulheres com DII têm as mesmas chances de conceber e ter uma gravidez e parto normais como outras mulheres na população geral. O que pode acontecer, entretanto, é que durante a fase ativa da doença ser ostomizada pode reduzir a fertilidade feminina.2,3,4
É importante conversar com seu ginecologista e gastroenterologista sobre as melhores alternativas de contraceptivos, especialmente em períodos de crise. Isso porque é possível que ocorra algum efeito negativo no corpo causado pela combinação de diferentes remédios. Há ainda um risco elevado de complicações durante a gravidez quando a inflamação está ativa, assim como alguns medicamentos que podem ser prejudiciais ao bebê.4,5
No caso dos homens, há pesquisas que indicam que durante o período ativo da doença os espermatozoides ficam mais lentos se comparados ao período de remissão. A inflamação também está associada a uma redução nos níveis de testosterona, o que pode afetar a fertilidade.
Alterações na fertilidade masculina também podem ocorrer com alguns medicamentos, tornando essencial buscar a orientação do gastroenterologista.4,5
Independentemente de seus planos, é importante conversar tanto com seu gastroenterologista quanto com seu obstetra sobre o que você deve fazer antes de uma gestação. Quanto antes você obter informações sobre o assunto, mais tempo você terá para se preparar emocionalmente e fisicamente.3,4,6
Via de regra, o momento mais indicado para engravidar é durante a remissão da doença. De acordo com estudos realizados sobre fertilidade, mulheres que permanecem com a DII inativa durante a gestação não têm risco aumentado de complicações associadas à gravidez ou de aborto espontâneo.3,4,6
Por outro lado, não é recomendado engravidar durante os períodos de crise, no início de um novo tratamento ou ainda se estiver fazendo uso de corticoides. Se a concepção ocorrer enquanto a doença estiver ativa, é provável que ela continue assim durante toda a gestação, aumentando o risco de piora da saúde da gestante, aborto espontâneo, parto prematuro e bebê com baixo peso ao nascer.3,4,6
Durante a gravidez é recomendado manter o estado de remissão da DII, o que torna essencial a continuidade do tratamento. Por mais que a maioria dos tratamentos seja segura durante a gravidez, algumas medicações não são recomendadas e outras ainda não dispõem de informações suficientes sobre sua segurança para gestantes. Se você estiver grávida ou planejando engravidar, é muito importante rever todos os seus medicamentos com seu médico.2,4,6
Durante a gestação, cada caso deve ser discutido pessoalmente com o obstetra e com o gastroenterologista, especialmente se a inflamação tornar-se ativa e houver a necessidade de ajustes na medicação. Caso a mãe seja ostomizada, ela tem maior probabilidade de ter desnutrição e complicações inflamatórias e no momento do parto.2,3,4
Apesar de haver preferência pelo parto normal, a necessidade ou não de cesárea será avaliada individualmente pelo obstetra e compartilhada com a paciente, seu gastroenterologista e coloproctologista. De qualquer maneira, é indicado preparar o períneo durante a gestação por meio de fisioterapia perineal.2,3,4
Uma preocupação comum entre pais com Doença Inflamatória Intestinal está associada à herança genética, uma vez que ter familiares com DII é considerado um fator de risco para o desenvolvimento da condição. Na prática, a chance de uma criança não desenvolver a Retocolite Ulcerativa ou Doença de Crohn é grande: 95%, caso apenas um dos pais tenha DII, e 65%, caso ambos os pais tenham DII.4
O aleitamento materno por mães sem DII tem sido associado a um efeito protetor contra o desenvolvimento precoce desta condição na criança. Caso a mãe tenha uma Doença Inflamatória Intestinal, amamentar não aumenta o risco do desencadeamento de crises.4
REFERÊNCIAS
Crohn's & Colitis Foundation. Family planning and IBD: Expert answers to common questions. <https://www.crohnscolitisfoundation.org/family-planning-and-ibd-expert-answers-to-common-questions>. Acesso em 20 de junho de 2023.
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Cartilha Manejando Crises e Outros Sintomas da DII. <https://abcd.org.br/wp-content/uploads/2019/07/ABCD_cartilha_manejando.pdf>. Acesso em 20 de junho de 2023.
Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD). Cuidados garantem gravidez saudável. 15/09/18. <https://www.abcd.org.br/blog/artigos/cuidados-garantem-gravidez-saudavel/>. Acesso em 20 de junho de 2023.
. Organização Brasileira de Doença de Crohn e Colite – GEDIIB. Cartilha Gravidez em Pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII). <https://gediib.org.br/wp-content/uploads/2022/04/cartilha-gravidez.pdf>. Acesso em 20 de junho de 2023.
Crohn's & Colitis UK. Reproductive Health and Fertility. <https://crohnsandcolitis.org.uk/info-support/information-about-crohns-and-colitis/all-information-about-crohns-and-colitis/living-with-crohns-or-colitis/reproductive-health-and-fertility>. Acesso em 20 de junho de 2023.
. IBD Parenthood Project. Planning for a family? Let the IBD Parenthood Project lead the way. <http://ibdparenthoodproject.gastro.org/wp-content/uploads/2019/01/Infographic-Prepare-for-better-care.pdf>. Acesso em 20 de junho de 2023.
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