A vacinação é uma das formas mais eficazes de combate a doenças que podem ser prevenidas, bem como no enfrentamento de epidemias. Para se ter uma ideia, a Organização Mundial da Saúde estima que 2 a 3 milhões de mortes são evitadas todos os anos por conta da vacinação. Apesar da atenção, nem sempre o conhecimento correto chega às pessoas e essa falta de informação também deve ser tratada como uma questão de saúde pública.
As vacinas nos protegem de forma segura e eficaz e permitem que nosso sistema imunológico esteja preparado para combater determinadas infecções, caso ocorram. Mediante a inserção de versões inativas ou altamente enfraquecidas desses vírus ou bactérias, fazem com que o organismo produza anticorpos contra o invasor, criando assim a chamada memória imunológica.
Para manter essa conversa na atualidade, as vacinas podem ser explicadas como um download de proteção: ao tomar determinada vacina, seu conteúdo (agentes infecciosos inativos ou altamente enfraquecidos) passa a fazer parte dos “arquivos” do seu sistema imunológico, que, a partir desse momento, estará pronto para combater a doença caso haja infecção por seu vírus ou bactéria.
Mais do que uma questão de saúde individual, as vacinas são medidas de saúde social, ou seja, protegem toda a população, mesmo que alguns indivíduos não estejam imunizados.
Isso se dá pela característica de rede na transmissão das doenças: se cada indivíduo infectado transmitir a doença para apenas mais uma pessoa, logo a população inteira poderá estar doente. Já um indivíduo vacinado não desenvolve a doença caso entre em contato com o vírus ou a bactéria, além de quebrar o ciclo do contágio.
Fique atento quanto às diferenças entre vacinas de rotina e as campanhas vacinais. Confira a explicação a seguir e nunca mais se confunda!
Rotina
É a lista de vacinas indicadas por público e faixa etária. O exemplo mais fácil para compreender é a rotina de vacinação das crianças, do nascimento até os 5 anos.
Campanha
Já as campanhas são destinadas à imunização dos indivíduos contra doenças específicas e que podem trazer problemas graves a esse público, como poliomielite para crianças e vacinação contra gripe para idosos.
Por falar nesses dois grupos, confira as vacinas de rotina que o Ministério da Saúde recomenda para cada um deles.
Vacina BCG
Vacina tríplice bacteriana acelular infantil — DTPa
Vacina tríplice bacteriana de células inteiras — DTPw
Vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto — dTpa
Vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto com poliomielite — dTpa-VIP
Vacinas combinadas à DTPa (tríplice bacteriana acelular infantil)
Vacina Haemophilus influenzae tipo b — Hib
Vacina contra poliomielite
Vacina contra rotavírus
Vacinas pneumocócicas conjugadas
Vacina meningocócica C conjugada
Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente — VPP23
Vacina meningocócica conjugada quadrivalente — ACWY
Vacina meningocócica B
Vacina gripe (influenza) — trivalente ou quadrivalente
Vacina contra febre amarela — FA
Vacina contra hepatite A
Vacina contra hepatite B
Vacina combinada contra hepatites A e B
Vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) — SCR
Vacina quádrupla viral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) — SCR-V
Vacina contra varicela (catapora)
Vacina contra HPV2
Vacina contra HPV4
Vacina tríplice bacteriana de células inteiras combinada com Hib e hepatite B (DTPw-HB/Hib)
Vacina contra dengue
Vacina contra gripe (influenza) — trivalente ou quadrivalente
Vacinas pneumocócicas conjugadas
Vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente — VPP23
Vacina dupla bacteriana do tipo adulto — dT
Vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto — dTpa
Vacina tríplice bacteriana acelular do tipo adulto com poliomielite — dTpa-VIP
Vacina contra hepatite A
Vacina contra hepatite B
Vacina combinada contra hepatites A e B
Vacina contra febre amarela — FA
Vacina meningocócica conjugada quadrivalente — ACWY
Vacina meningocócica C conjugada
Vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) — SCR
Vacina herpes-zóster
Como vimos antes, as vacinas podem ser entendidas como um download de proteção. Como cada doença é única, esse “arquivo” também pode ter diferentes formas, observando não apenas a eficácia contra essa doença, mas também a segurança de quem receberá a vacina.
Contém agentes infecciosos vivos, mas extremamente enfraquecidos. Sua inserção no corpo aciona o sistema imunológico, que combate essa pequena infecção induzida e cria a chamada memória imune, protegendo o indivíduo contra essa doença em caso de infecção com carga viral ou bacteriana completa. Em pessoas com o sistema imunológico saudável, reações adversas são extremamente raras e, quando ocorrem, são brandas e de curta duração.
Vacinas inativadas “enganam” o sistema imune com um agente infeccioso morto ou uma partícula dele. O corpo, ao entender que aquilo representa um perigo real, inicia o combate a esse invasor, resultando num processo semelhante ao das vacinas atenuadas.
Vacinas polissacarídicas são versões das vacinas inativadas que contêm cápsulas purificadas ou polissacarídeos dos agentes infecciosos. Um exemplo é a vacina pneumocócica polissacarídica, que contém 23 variações do pneumococo.
As vacinas de RNA mensageiro são um novo tipo de imunizante em estudo para proteger pessoas de doenças infecciosas. Assim como as vacinas comuns, o objetivo do RNA mensageiro é criar anticorpos contra um vírus que ameaça a saúde humana. Mas, ao invés de inserir o vírus atenuado ou inativo no organismo de uma pessoa, esse novo imunizante ensina as células a sintetizarem uma proteína que estimula a resposta imunológica do corpo.
Para falar das vacinas de RNA mensageiro (mRNA), precisamos partir de um ponto básico que é o funcionamento das nossas células. Nelas, temos o DNA que armazena as nossas informações genéticas, o RNA - molécula que leva instruções para a síntese de proteínas e para outras funções biológicas, e os ribossomos, que são estruturas do citoplasma da célula que efetivamente produzem as proteínas com as instruções trazidas pelo RNA mensageiro.
As vacinas de mRNA carregam o código genético do vírus que contém as instruções para que as células do corpo produzam determinadas proteínas. Ou seja, elas atuam introduzindo nas células do organismo a sequência de RNA mensageiro, que contém a receita para que essas células produzam uma proteína específica do vírus. Uma vez que essa proteína seja processada dentro do corpo e exposta ao nosso sistema imunológico, este pode identificá-la como algo estranho, um antígeno e criar imunidade contra ele. Essa imunidade, representada pelos anticorpos (células de defesa) e linfócitos T, dá ao organismo a capacidade de se defender quando em contato com o vírus.
Uma vacina de RNA mensageiro, então, funciona da seguinte forma:
Utilizando uma fita de RNA mensageiro, a vacina codifica um antígeno específico daquela doença;
Quando o RNAm é inserido no organismo, as células usam a informação genética para produzir esse antígeno;
O antígeno se espalha pela superfície das células e é reconhecido pelo sistema imunológico, que entende que aquela proteína não faz parte do organismo e passa a produzir anticorpos para combater aquela doença.
A vacina de RNA mensageiro simula o processo que ocorre no corpo de uma pessoa que realmente contraiu aquela doença, mas de uma maneira que não possibilita a infecção de quem está sendo vacinado - apenas educando o organismo sobre como responder àquele invasor.
Vacinas pneumocócicas previnem doenças graves, como pneumonia, meningite e otite. São consideradas seguras inclusive para pessoas com perfil imunológico de risco, pessoas vivendo com HIV, pacientes em tratamento de câncer e recém-transplantados.
Suas principais variações são a vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10) e a vacina pneumocócica conjugada 13-valente (VPC13). Enquanto a VPC10 previne cerca de 70% das doenças, a VPC13 previne cerca de 90% delas por oferecer proteção contra mais sorotipos.
Indicações
Para crianças a partir de 2 meses e menores de 6 anos de idade, é recomendada a vacinação rotineira com VPC10, VPC13 ou VPP23.
Para crianças a partir de 6 anos, adolescentes e adultos portadores de certas doenças crônicas e pacientes imunocomprometidos recomenda-se esquema com as vacinas VPC13 e VPP23.
Para maiores de 50 anos e, sobretudo, para maiores de 60, recomenda-se esquema com as vacinas VPC13 e VPP23.
Onde podem ser encontradas
VPC10 – Nas Unidades Básicas de Saúde, para crianças de 2 meses a 4 anos, e nos serviços privados de vacinação, para crianças de 2 meses a 5 anos. Nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), para crianças com até 5 anos de idade que tenham certas condições de saúde que elevam o risco de doença pneumocócica grave.
VPC13 – Nos Centro de Referências para Imunobiológicos Especiais (CRIE) e serviços privados de vacinação.
VPP23 – Nos serviços privados de vacinação e nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), para pessoas a partir de 2 anos de idade, adolescentes e adultos com condições de saúde especiais que as tornam propensas a ter doença grave causada pelo pneumococo.
A meningite é uma inflamação nas membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal. Pode afetar pessoas de qualquer idade e suas principais origens podem ser viral ou bacteriana e, em alguns casos, apresenta alto grau de letalidade. A eficácia da vacina para a doença é superior a 90%, sendo a forma mais segura de proteção contra a doença. Existem 3 tipos de vacinas: Vacina Meningocócica B, Vacina Meningocócica C e Vacina Meningococócica ACWY.
Para saber mais, conheça a campanha “Cada Letra Conta”, informe-se ainda mais sobre as vacinas meningocócicas e descubra o significado de cada uma das letras A, B, C, W e Y. Clique aqui.
Mantenha sua proteção e sua saúde em dia! Confira o calendário completo de vacinação recomendado pelo Ministério da Saúde. Clique aqui.
As vacinas são umas das formas mais eficazes de prevenir doenças graves. Ao serem introduzidas no organismo em versões inativas ou enfraquecidas do vírus ou bactéria, estimulam o sistema imunológico a produzir anticorpos contra estes tipos de invasores, cria memória imunológica e mantém a pessoa protegida.
Apesar de ocorrerem casos raros de reações leves, como febre e dor local, as vacinas são consideradas seguras e eficazes, com comprovação feita por meio de rigorosos protocolos científicos. No Brasil, a regulamentação das vacinas é feita pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária e pelo Ministério da Saúde, que só autorizam sua comercialização após aprovação em diversas etapas.
Ao todo, são 27 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas, formando um calendário robusto de proteção aos pacientes de risco. Essas vacinas estão disponíveis de forma gratuita nas 51 salas que compõem a rede dos CRIEs em todo o Brasil. Caso a região do paciente não conte com uma unidade desses centros de referência, basta solicitar na Secretaria Municipal de Saúde ou na UBS mais próxima para que a vacina seja enviada para o local, onde a aplicação deverá ser feita. A Vacina Pneumocócica Conjugada 13-valente teve, em caráter temporário, sua indicação no Programa Nacional de Imunizações (PNI) ampliada até julho de 2021 para as seguintes indicações:
Imunodeprimidos por doença de base e terapêutica;
asplenia anatômica e funcional;
pneumopatas;
cardiopatas;
portadores de implante coclear.
O calendário vacinal do Ministério da Saúde é atualizado todo ano, considerando diferentes públicos e faixas etárias. Você pode conferir o calendário atualizado e quais vacinas precisa tomar nesse link.
Não, apenas algumas delas. Nesses casos, a vacina carrega uma versão altamente enfraquecida do agente agressor (vírus ou bactéria), possibilitando ao corpo se defender e criar uma resposta imune própria.
Na verdade, não existem doenças consideradas leves entre aquelas preveníveis com vacinas. A catapora, por exemplo, pode evoluir para um quadro de hospitalização e complicações nos sistemas respiratório e neurológico, pneumonia e infecções de pele, entre outras, além de ser transmissível na comunidade.
A vacinação é necessária para manter o status de erradicação dessas doenças. Com as distâncias do mundo cada vez menores, agentes infecciosos podem viajar com facilidade até de um país para outro, aumentando o risco de novos surtos caso a população local não tenha alto nível de imunização.
Não. Um estudo com mais de 95 mil crianças realizado entre 2001 e 2012 apontou que não existe relação entre vacina e esse transtorno do desenvolvimento.
Não. Nosso corpo é capaz de lidar com a aplicação conjunta de vacinas e produzir a resposta necessária, ou seja, a criação de imunidade contra os agentes infecciosos.
FioCruz - Vacinas: as origens, a importância e os novos debates sobre seu uso https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/noticias/1263-vacinas-as-origens-a-importancia-e-os-novos-debates-sobre-seuuso?showall=1&limitstart= Acessado em 24/11/2020
Calendário Vacinal Ministério da Saúde 2020 https://www.saude.go.gov.br/files/imunizacao/calendario/Calendario.Nacional.Vacinacao.2020.atualizado.pdf Acessado em 24/11/2020
Cartilha de Vacinas - Ministério da Saúde https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cart_vac.pdf Acessado em 24/11/2020
Vacinas - Perguntas e Respostas – Sbim https://familia.sbim.org.br/vacinas/perguntas-e-respostas Acessado em 24/11/2020
Vacina de RNA mensageiro – https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias%20/vacina-de-rna-mensageiro Acessado em 10/05/2021
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